Os corvos e a sua capacidade cognitiva

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Os corvídeos mostram uma capacidade cognitiva comparável à de várias espécies de primatas. Aqui, vamos mostrar os dados que comprovam essa afirmação.

Uma boa maneira de abordar esse assunto é citar Lewis Carroll: “Qual é a semelhança entre o corvo e a escrivaninha?”. Ou, melhor dizendo, qual é a semelhança entre um corvo e um macaco? Assim como os primatas, os corvídeos têm uma grande capacidade cognitiva para atividades de memória, apesar de serem espécies tão diferentes uma da outra. Se você está curioso sobre a inteligência dessas aves enigmáticas, não perca essa leitura.

A capacidade cognitiva dos corvídeos

Corvos, pegas, gralhas, gaios e charnecos pertencem à família dos corvídeos, um grupo conhecido por sua grande inteligência e habilidades. Existem muitos estudos nos quais suas habilidades cognitivas foram testadas e foi comprovado que os corvídeos se destacam por:

  • Usar o raciocínio analógico. Os corvos relacionam fatos e experiências que não são semelhantes entre si a partir de outras experiências anteriores que compartilham semelhanças.
  • Possuir memória episódica. Esses animais podem ter lembranças muito claras de situações específicas que viveram.
  • Usar ferramentas.
  • Apresentar interações sociais complexas. Os corvídeos são capazes de decifrar a dinâmica social de outros grupos de corvos, entendendo as relações existentes entre os membros de seu próprio grupo e também de outros. Em uma comunidade de corvos, as relações são estabelecidas a partir da posição social de cada membro, e eles emitem chamados característicos que indicam domínio ou submissão.
  • Ter consciência de si mesmos e do estado mental de seus coespecíficos. Os corvos são capazes de se reconhecer em um espelho, são conscientes de como são e também se lembram de outros de sua espécie.

Os corvos têm memória de trabalho

O alto nível cognitivo dos primatas se deve à memória de trabalho, ao armazenamento de curto prazo e à manipulação de informações. Outras habilidades mentais, tais como planejamento ou flexibilidade cognitiva, dependem diretamente da memória de trabalho.

Os resultados de numerosos estudos com corvídeos mostram que, ao longo de sua história evolutiva, eles desenvolveram uma grande capacidade para a memória de trabalho, equivalente à dos primatas. Um exemplo desse tipo de trabalho é o experimento etológico do psicólogo Balakhonov e sua equipe, que vamos explicar a seguir.

Corvos e primatas

Balakhonov treinou dois espécimes de gralha-preta (Corvus corone) durante dez meses para que pudessem passar em um experimento realizado anteriormente com duas espécies de macacos. O experimento consistia em apresentar uma série de estímulos visuais em uma tela e registrar o acompanhamento da cabeça e dos olhos diante do estímulo, treinando as aves previamente para que mantivessem a cabeça centrada.

Os estímulos visuais eram quadrados coloridos que apareciam na tela (sempre os mesmos), desapareciam durante alguns segundos e então apareciam novamente com algumas modificações. Diante de uma mudança nas forma, o animal bicava a tela.

Foi descoberto que o número máximo de elementos que o corvídeo conseguia trabalhar na tela era quatro, resultado muito semelhante ao obtido com os primatas.

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