Macuco

O macuco é um Tinamiforme da família Tinamidae.

Nome de origem tupi-guarani: “Mocoico-erê”. É o maior representante dos tinamídeos na Mata Atlântica. É espécie cinegética (caçada).

Nome Científico
Seu nome científico significa: do idioma (galibi) de Caiena tinamú = nome específico para esta espécie de ave; e do (latim) solitarius = solitário, só. ⇒ Tinamú solitário.

Características
Atinge até 52 centímetros e entre 1,5 a 2,0 quilos de peso médio. As fêmeas geralmente são maiores e mais pesadas que os machos. Possui coloração geral acinzentada com matiz verde-oliva, e desenho críptico nas penas traseiras (retrizes).

Subespécies
Oficialmente não possui subespécies.

Diversos ornitólogos questionam a recente invalidação da subespécie nordestina, descrita por Berla, baseada numa pele.

Desconsiderou-se essa descrição de Berla, e os diversos relatos de antigos mateiros e caçadores, que conheciam bem o macuco do Sudeste e o do Nordeste, e confirmavam diferenças de coloração da plumagem e de seu porte físico,

A justificativa para essa invalidação baseou-se numa questionável conclusão: não estando disponíveis maiores evidências físicas da forma nordestina, então esta nunca existiu. (!!!)

Alimentação
Alimenta-se de sementes, bagas, frutas (ex: merindiba, coquinhos de palmiteiro), insetos e vermes.

macuco se alimentando
macuco se alimentando
Reprodução
Como na maioria dos tinamiformes, o macho do macuco incuba os ovos (3 a 5) por 19 a 21 dias. Os ovos são de coloração verde azulada. Cria os filhotes com grande cuidado parental. Seu ninho é rudimentar, normalmente localizado entre as raízes de grandes árvores ou ao lado de troncos caídos. Quando no choco, é possível aproximar-se muito do ninho, e alguns mateiros conseguem capturar a ave com as mãos, característica que certamente contribuiu e ainda contribui para a sua entrada na lista de aves ameaçadas de extinção.

Sua reprodução em cativeiro é bem-sucedida, devendo ser incentivada para o repovoamento das florestas remanescentes, paralelamente ao replantio de mata nativa, em áreas desflorestadas ou degradadas, garantindo a preservação futura dessa espécie e de outras tantas da Mata Atlântica.

Casal de macuco
Casal de macucoNinho de macuco
Ninho de macucoOvo de macuco
Ovo de macuco
Hábitos
Habita a Mata Atlântica primária sempre próximo a riachos, em áreas acidentadas, inclusive em grotas e encostas pedregosas, locais que facilitam o empoleirar e dificultam a ação de predadores terrestres. Sua vocalização principal consiste em um único pio meio agudo e bem espaçado, sendo o pio do macho mais curto que o da fêmea. Emitem também um chororocado, e na época da reprodução, quando empoleiram, emitem três pios seguidos. As fêmeas são dominantes e territoriais, e um casal geralmente se localiza no limite de audição do pio de outro casal, ou seja, aproximadamente a cada 200-250 metros. Tomam banho constantemente.

Estudos indicam que o piado do macuco evoluiu de modo a ressoar de forma desfocada, dificultando a localização da ave por predadores, sendo que apenas outro macuco identifica com exatidão a fonte, uma estratégia evolucionária de sobrevivência. Aos ouvidos humanos, piados acima dos 40 metros de distância, na mata, requerem uma atenção maior para o observador da ave, em comparação à vocalização de outros tinamídeos da Mata Atlântica.

A principal ameaça que contribui para o risco de extinção dessa espécie é a do desmatamento, pois a ave não se adapta à mata secundária, por essa apresentar densa vegetação rasteira, impedindo a visão e o deslocamento da ave. A pressão cinegética ainda existe, mas dadas as dificuldades em atrair essa arisca espécie no pio, não seria um fator decisivo de ameaça.

Os tinamídeos do gênero Tinamus (no Brasil: T. solitarius, T. major, T.tao e T. guttatus), empoleiram para dormir, e como quase não possuem o dedo de trás, o fazem em galhos grossos (entre 4 e 12 metros do solo), usando os tarsos serrilhados para se equilibrarem. Os dedos ficam estendidos à frente, sem tocarem a madeira. É comum haver, sobre o poleiro escolhido, uma abertura na folhagem que permita o voo de fuga da ave.

Os macucos geralmente frequentam trilhas na mata. Tal comportamento talvez esteja ligado à possibilidade de avistarem, mais facilmente, a aproximação de predadores.

Em áreas bem povoadas por macucos, mateiros, para os atraírem, entre outros métodos, “riscavam” o solo com o pé ou facão, expondo a terra úmida numa faixa de 15 a 20 metros por meio metro de largura. A ave sente o odor da terra exposta e é atraída pela possibilidade de encontrar vermes facilmente, como ocorre na queda de árvores na floresta.

Essa técnica auxiliar, em conjunto com a do pio, também pode ser utilizada por birdwatchers ou fotógrafos, para registrá-lo. Convém estar bem abrigado nas proximidades, em uma choça feita com folhas de palmeiras espetadas no solo, ou mesmo usando “cortina” de tecido camuflado, recoberta por galhos. Não recomendo o método caboclo do jirau ou observação sobre árvores baixas, pelo risco de quedas.

Site do Café

 

Marcações:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *