A baleia-jubarte ou baleia-corcunda, ou simplesmente jubarte, conhecida por saltar vários metros acima da água, guarda grandes mistérios em seu belo canto e em suas longas migrações. Os pesquisadores vêm tentando decifrar sua linguagem e comportamento há muitos anos, e cada passo que dão deixa mais perguntas do que respostas.
Esse cetáceo pertence à ordem dos misticetos ou baleias de barbatanas, que possuem uma cortina filtrante de lâminas em vez de dentes. Seu nome baleia-corcunda vem da pronunciada curvatura dorsal que esse mamífero aquático exibe quando está submerso na água, semelhante a uma corcunda. Se você quiser saber mais sobre ele, continue lendo.
Habitat da baleia-jubarte
As baleias-jubarte podem ser encontradas nas águas de todos os oceanos, embora não sejam vistas nos mares polares. Atualmente, existem 3 grandes populações de baleias-jubarte: uma no Atlântico Norte, outra no Hemisfério Sul e uma terceira no Pacífico Norte.
Quando não estão migrando, essas baleias tendem a ficar perto do continente, embora raramente se aproximem de centros populacionais humanos. Também são observadas em mar aberto quando saem em busca de grandes bancos de alimentos.
Características físicas
A baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) pertence à família Balaenopteridae, caracterizada por sulcos que percorrem sua parte ventral, da boca ao umbigo. Seu corpo é robusto e significativamente estreito na cauda.
Por outro lado, essa espécie possui em ambos os lados da cabeça folículos capilares, que se parecem com uma protuberância. Suas barbatanas peitorais são umas das maiores entre os misticetos, pois compreendem um terço de seu tamanho total.
Esses mamíferos são pretos na parte superior do corpo com tons mais claros na barriga. Cada indivíduo tem um padrão único de manchas na parte ventral da cauda, semelhante a uma impressão digital.
Tamanho e peso da baleia-jubarte
Uma jubarte adulta tem de 13 a 16 metros da cabeça à cauda e pesa de 30 a 40 toneladas. É uma espécie que apresenta dimorfismo sexual, sendo as fêmeas maiores que os machos. Os exemplares que vivem próximos a áreas frias tendem a ser maiores do que os que vivem mais próximos aos trópicos, com uma diferença de 20 toneladas entre alguns grupos e outros.
Comportamento e migração
É um animal gregário, mas não é comum ver espécimes adultos em grandes grupos. Os vínculos mais estáveis são entre mães e filhos, uma vez que os machos exibem grande rivalidade, especialmente nas épocas de acasalamento, e não tendem a reunir muitos exemplares se não for para se alimentar.
Ocasionalmente, podem ser observados machos acompanhando fêmeas com filhotes, defendendo-os de outros espécimes que se aproximarem deles.
É atribuído a essa espécie um alto grau de sociabilidade, já que baleias-jubarte têm sido vistas interagindo com outras espécies, como aves marinhas e outros cetáceos. Elas também colocam a cabeça fora da água para, presumivelmente, espiar o que está na superfície.
Sua comunicação se dá por meio de vocalizações, mais longas e complexas nos machos e mais curtas e fracas nas fêmeas. Têm uma relação direta com os cantos da época de acasalamento, embora também sejam usadas para a comunicação entre grupos a longas distâncias.
As baleias-jubarte migram duas vezes por ano, em busca das águas mais quentes e abundância de alimentos. Elas passam os verões nas águas frias de altas latitudes e se deslocam para os trópicos a fim de se reproduzir, viajando incríveis 25 000 quilômetros por ano. Durante essas viagens, elas não descansam nem se alimentam, nutrindo-se com as reservas de gordura de seu organismo.
A única população que não migra é a do Golfo Pérsico, onde as monções as alimentam durante todo o ano.
Dieta e alimentação das baleias-jubarte
A base da dieta desse cetáceo consiste em krill, plâncton e pequenos peixes como arenque, capelin ou cavala. Alimenta-se principalmente no verão para se recuperar da migração e se preparar para a próxima. Como não tem dentes, essa baleia não pode atacar animais de grande porte, pois não é capaz de triturar tecidos.
Suas técnicas de caça não se limitam a atravessar cardumes, pois as jubartes exibem comportamentos realmente curiosos. Às vezes, criam paredes de bolhas liberando ar pelo espiráculo, de modo que os peixes ficam presos e elas só precisam nadar em sua direção com a boca aberta para engoli-los de uma vez.
Reprodução da baleia-jubarte
As jubartes são mamíferos placentários que atingem a maturidade sexual aos 10 anos. Elas acasalam a cada dois anos ou mais e o período de gestação é de 10 a 11 meses.
Durante o acasalamento, macho e fêmea nadam primeiro em linha e juntos, depois viram e agitam a cauda. Depois disso, eles mergulham e copulam enquanto nadam para a superfície, barriga com barriga, terminando com um salto vertical para fora d’água.
Os filhotes medem cerca de 4 a 5 metros ao nascer e pesam aproximadamente uma tonelada. Eles permanecem com a mãe por até um ano de vida, embora possam ser desmamados aos 6 meses. O leite materno é rico em gordura, proteína e lactose e o filhote chega a consumir 400 litros por dia.
Estado de conservação
Atualmente, a baleia-jubarte encontra-se em estado de conservação pouco preocupante. Estima-se que existam cerca de 6000 espécimes, um número que tende a aumentar, embora antes da exploração humana houvesse cerca de 100 000 indivíduos.
Mais de 60 000 baleias-jubarte morreram entre 1910 e 1916 no hemisfério sul. No Pacífico Norte, foram registradas capturas de mais de 3000 entre 1962 e 1963.
A caça das baleias foi proibida no mundo todo em 1970, mas Japão, Noruega e Islândia continuam caçando baleias em suas águas. Atualmente, a luta contra essa caça se vincula à proteção do meio ambiente, uma vez que as alterações climáticas, a pesca insustentável e a exploração petrolífera são as principais ameaças a esses cetáceos.
Durante o confinamento de 2020 causado pela COVID-19, foram avistadas baleias nas costas de países como Chile e Argentina, além de La Palma, Ilhas Canárias e Marselha. A ausência de seres humanos permitiu que as águas se limpassem e as baleias entrassem em territórios que há muito tinham deixado de seus delas.
A relação da baleia-jubarte com o homem
A caça intensiva da baleia-jubarte visava obter sua gordura e carne para consumo. Além disso, seus ossos triturados serviam como fertilizante. Atualmente, o fascínio por esses cetáceos também tem promovido o turismo de avistamento, no qual barcos se aproximam de suas áreas de passagem para vê-las pular sobre a água.
Por outro lado, como são animais gigantescos que vivem na imensidão dos oceanos, as baleias povoam o imaginário coletivo de muitas culturas. É uma figura geralmente associada ao caos e à fúria desenfreada, mas também à proteção do mar e à criação do mundo.
A representação mais antiga conhecida de uma baleia vem de uma caverna na Noruega e data de cerca de 1800 a.C. Nela, os caçadores perseguem uma enorme criatura que lança um fluxo de água do topo de sua cabeça.
Atualmente, a forma mais efetiva de conscientização é por meio da divulgação e da criação de projetos de conservação. A esperança de poder devolver o espaço pertencente a esses seres místicos e cientificamente fascinantes e vê-los viver em paz é a última coisa que se pode perder.