7 peixes que respiram fora d’água

Existem muitos peixes anfíbios que conseguem respirar fora da água sem problemas. A evolução e a adaptação permitiram que esses peixes existissem graças a guelras, pulmões, pele e outros órgãos modificados.

O mais comum é os peixes não respirarem fora d’água, pois a maioria aproveita o oxigênio dissolvido no meio aquático para utilizá-lo em seu metabolismo, sem ter que sair do seu ambiente. Contudo, deslocar-se em terra é outra possibilidade, por isso existem vários peixes que respiram fora d’água.

O oxigênio dissolvido na água é altamente dependente da temperatura e da presença de plantas aquáticas que o produzem. Normalmente, a água entra na boca do peixe pelas guelras e é expelida, ato com o qual tenta reter esse gás no organismo.

As guelras são uma membrana fina com orifícios minúsculos, que capturam apenas moléculas de oxigênio, graças a um processo químico conhecido como ‘osmose’. A seguir, vamos apresentar 7 peixes que respiram fora d’água e que desafiaram os limites de seus ancestrais.

Faz muitos anos…

No início da Era Devoniana – quase 400 milhões de anos atrás –, a maioria das espécies de peixes possuía órgãos semelhantes aos pulmões que, em espécies posteriores, evoluíram para bexigas natatórias, cuja finalidade era controlar a flutuabilidade.

Muitos desses peixes se moviam usando barbatanas carnosas. Acredita-se que elas fossem capazes de suportar seu peso corporal enquanto rastejavam debaixo d’água, segundo a National Wildlife Federation.

No entanto, alguns desses peixes usaram seus pulmões para respirar ar e suas barbatanas para andar na terra. Com o tempo, essas criaturas foram se adaptando cada vez mais à vida terrestre, dando origem aos anfíbios – animais terrestres com patas totalmente desenvolvidas – e depois aos répteis, aos dinossauros, às aves e a nós, os humanos.

No entanto, essa evolução não se desenvolveu seguindo o mesmo caminho em todas as espécies. Hoje em dia, existem vários peixes anfíbios que prosperam ao longo das costas marinhas no mundo todo.

Alguns cientistas acreditam que esses ‘peixes terrestres’, capazes de sobreviver no ar por longos períodos, fornecem pistas para o mistério de como os vertebrados invadiram a terra pela primeira vez e como pode ter sido a evolução da conquista terrestre pelos animais aquáticos.

Peixes anfíbios, os peixes que respiram fora d’água

Os peixes anfíbios mostram como respirar o ar pode ser benéfico para aqueles que vivem em águas que secam ou com pouco oxigênio. Esses animais têm a vantagem de ampliar sua alimentação, usando a terra como refúgio contra outras criaturas marinhas e sobrevivendo à exposição ao ar, quando são arrastando para a orla ou ficam presos em águas pouco profundas.

O sucesso das primeiras espécies de peixes em terra dependia, em parte, de quanto tempo eles conseguiam respirar fora da água. Quanto maior o intervalo, melhores eram suas chances de evitar predadores específicos ou de encontrar águas mais frias.

Quando os peixes anfíbios de hoje chegam à terra, eles geralmente usam suas guelras para respirar. As guelras dos peixes anfíbios são maiores do que as das espécies puramente aquáticas. O tamanho maior dessas estruturas facilita a capacidade de captar oxigênio do ar.

No entanto, existem peixes anfíbios que têm pulmões para respirar e outros que aspiram o ar pela boca e o expelem pelas guelras. A seguir, você vai conhecer alguns exemplos.

7 peixes que respiram fora d’água

Os peixes que respiram fora da água exigiram adaptações evolutivas nos órgãos dos sentidos, como a pele e os olhos. Por exemplo, os peixes puramente aquáticos não têm a capacidade de enxergar fora d’água, da mesma forma que nós não conseguimos enxergar embaixo dela. Além disso, esses peixes também adaptaram a maneira como conseguem respirar.

1. Clinocottus analis, o peixe de sangue verde

Esse peixe é nativo do leste do Oceano Pacífico, onde é encontrado ao longo da costa da Califórnia e da Baixa Califórnia. Atinge até 18 centímetros de comprimento, pode viver até 18 metros de profundidade em águas intertidais rochosas e é capaz de sair voluntariamente da água e respirar até 24 horas fora dela.

Essa espécie possui plasma sanguíneo verde. Sua cor se deve à biliverdina fortemente ligada a complexos de proteínas, segundo alguns estudos. Quando em terra, esses peixes obtêm 71% de seu oxigênio através das guelras e membranas orais e 29% através da pele, o que é chamado de ‘respiração cutânea’.

Um peixe em uma caverna

 

2. Saltadores-do-lodo, saltadores natos

Os peixes do gênero Periophthalmus – também conhecidos como saltadores-do-lodo – vivem nas águas dos manguezais e respiram o ar como um anfíbio. Os peixes incluídos nesse grupo são capazes de respirar através da pele, da mucosa oral, da faringe e das grandes câmaras branquiais.

São pequenos peixes anfíbios da África Oriental e da China e podem sobreviver fora da água por até 2 dias e meio. Além disso, são incrivelmente ágeis: escalam rochas, saltam de uma raiz de mangue para outra e saltam sobre margens úmidas.

Uma luta entre saltadores-do-lodo

 

3. Kryptolebias marmoratus, um dos peixes que respiram fora d’água graças às suas adaptações

Quando as águas tropicais ficam muito quentes, esse peixe pode sair para a terra, graças às adaptações que o permitem respirar ar. Sua pele, por exemplo, cumpre muitas funções das guelras.

Além disso, essa espécie conta com vasos sanguíneos cutâneos muito próximos do exterior. Portanto, o peixe é capaz de absorver mais oxigênio no sangue, segundo especialistas da National Geographic.

Um dos peixes que respira fora d'água.

 

4. Bagre, o grande caminhante

Esse peixe tem a capacidade de ‘caminhar’ longas distâncias em terra, de acordo com os especialistas, já que pode sobreviver nesse ambiente por horas e até dias. No entanto, o bagre andador (Clarias batrachus) só consegue se manter fora d’água com a pele úmida, razão pela qual normalmente viaja por terra após fortes chuvas.

Além disso, essa espécie possui um órgão extra, que serve de apoio para as guelras para retirar oxigênio do ar. Ele se desloca por prados verdes em busca de um companheiro ou comida ou quando sua fonte de água está secando.

O bagre se move flexionando seu corpo e graças às suas espinhosas barbatanas que lhe dão um impulso adicional. É nativo do sudeste asiático, mas foi encontrado em vários lugares dos Estados Unidos.

O rosto de um bagre.

 

5. Peixe pulmonado da África Ocidental (Protopterus annectens)

Além das guelras, esse peixe possui um pulmão primitivo, como todos os peixes pulmonados. Em épocas de seca, os exemplares ficam envoltos em um casulo de muco enterrados na lama e, quando as chuvas voltam, saem do solo.

Um peixe pulmonado que pode respiara fora d'água.

 

6. Peixe cabeça de cobra do norte

É um peixe invasor carnívoro nativo da China, da Rússia e da Coreia. Esse peixe (Channa argusconsegue respirar ar e sobreviver até 4 dias em terra. É capaz de se manter ainda mais tempo fora d’água quando o ambiente é úmido ou lamacento. Esse animal mede aproximadamente um metro e se move em terra movendo seu corpo pelo solo.

Um dos peixes que podem respirar fora d'água.

 

7. O escalador imparável

Esse peixe (Anabas testudineus) é nativo do Sudeste Asiático e, além das guelras, tem pulmões de aspecto humano, que lhe permitem respirar em terra. Pode ficar até 6 dias fora da água, mas costuma hibernar por até 6 meses em ambientes lamacentos.

Esse animal é capaz de se mover em terra, subir em árvores e sufocar pássaros e outros peixes que tentarem atacá-lo. Especialistas afirmam que aparentemente nada pode impedir esse peixe, pois ele tem a capacidade de sobreviver tanto em água doce quanto salgada.

Um dos peixes que respiram fora d'água

 

Os peixes que respiram fora d’água podem evoluir?

National Wildlife Federation afirma que, embora as adaptações dos peixes anfíbios de hoje nos deem uma ideia de como os vertebrados saíram do mar e foram para a costa, é improvável que essas criaturas deem origem a futuras espécies terrestres.

A principal diferença entre os peixes anfíbios e os peixes que deram origem aos anfíbios, répteis e humanos, é que hoje já existem animais que vivem em terra firme. Explorar um nicho já dominado por outras espécies não é uma tarefa fácil.

No entanto, esses peixes não estão em um beco sem saída em termos de sua total adaptação à terra. Pode-se considerar a hipótese de que, se por alguma razão a vida na terra cessasse, então haveria a possibilidade de que eles a invadissem novamente. Uma apólice de seguro evolutiva.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *