Perdiz

Perdiz

A Perdiz é uma ave tinamiforme da família Tinamidae. Também conhecida como perdigão (Rio Grande do Sul); perdiz do cerrado; perdiz brasileira; perdiz nativa; napopé e inhambupé (Nordeste).

Nome Científico

Seu nome científico significa: do (grego) rhunkhos = bico; e otës = apresentando, característico; e do (latim) rufus = vermelho; rufescens = avermelhado. ⇒ Ave avermelhada e com bico característico.

Características

Mede entre 38 e 42 centímetros de comprimento. O macho pesa entre 700 e 920 gramas e a fêmea, um pouco maior pesa entre 815 e 1040 gramas de peso. É a maior espécie campestre pertencente à família Tinamidae.
A perdiz é uma ave terrícola, normalmente solitária que voa muito pouco e quando em voo, apresenta um voo curto, pesado e barulhento. É capaz de alçar um voo em casos de perigo para escapar de predadores. Esse voo consiste em um salto acompanhado de um longo plainado através dos campos (limitado a cerca de 3 tentativas sucessivas, após se cansa), onde volta novamente ao solo, local de sua preferência. A cabeça é coroada com uma pequena crista negra, que sempre é visível especialmente em machos no período de acasalamento. Seus lores são de cor bege e a região auricular é marrom escuro. O pescoço e o peito são de coloração canela mais escuro nas sua porção superior. O ventre é de coloração, castanho claro barrado. O dorso é escuro, fortemente barrado de marrom escuro e bege. As asas são mais claras que o dorso e apresentam listras marrons, cinza e branco. Em voo, notamos que as primárias são de coloração castanha. O bico é longo e ligeiramente curvado para baixo. A mandíbula apresenta a coloração cinza claro e a maxila é esbranquiçada. A íris é verde claro e a pupila é negra. Os tarsos e pés com seus três dedos são de coloração cinza claro. Suas penas de voo são avermelhadas, característica única nessa família.
Não apresenta dimorfismo sexual aparente durante maior parte do ano. Na estação reprodutiva notam-se machos com menor tamanho e pescoço bastante fino. Os machos apresentam ainda inchaço bastante evidente da região de cloaca, ficando fácil a identificação no período.
Os juvenis têm uma mistura de cor marrom acinzentado porem mais apagado que a dos indivíduos adultos.

Voz

Emite sons quase exclusivamente da época reprodutiva; a fêmea ficando restrita a piados finos e espaçados e o macho apresentando canto mais elaborado. Som agudo, plangente; 1ª e 2ª notas separadas das outras 3, sendo a última mais fraca: “tchilí-dí-didí…” (que pode se repetir a curtos intervalos).

ESPÉCIE SEM DIMORFISMO SEXUAL

Subespécies

Possui três subespécies reconhecidas:

  • Rhynchotus rufescens rufescens (Temminck, 1815) – ocorre do sudeste do Peru até a Bolívia, leste do Paraguai, sudeste e sul do Brasil e nordeste da Argentina. Difere da subespécie catingae pela coloração menos acinzentada e mais marrom na porção superior da ave, seu barrado dorsal também é mais pardacento do que na subespécie catingae. Sua coloração geral é menos acinzentada do que a da subespécie pallescens. (Blake, 1977).
  • Rhynchotus rufescens catingae (Reiser, 1905) – ocorre na região central e nordeste do Brasil. Esta subespécie apresenta coloração acastanhada na porção superior. É mais marrom-acinzentada do que a subespécie nominal e tem as barras dorsais claras menos pardacentas. Partes posteriores do corpo da ave são mais acinzentadas, especialmente nos flancos e no crisso. Distingue-se da subespécie pallescens por ter o pescoço com a coloração ocrácea mais escura. (Blake, 1977).
  • Rhynchotus rufescens pallescens (Kothe, 1907) – ocorre no norte da Argentina, desde a região leste da província de Formosa até a província de Rio Negro ao sul. Esta subespécie apresenta coloração geral mais acinzentada do que na subespécie rufescens. É semelhante a subespécie catingae com barras pálidas na região dorsal e mais cinzenta na porção inferior da ave. A coloração ocrácea do pescoço é mais pálida e frequentemente apresenta barrado discernível, mas nunca muito intenso. (Blake, 1977).

Blake, (1977) reconhece uma quarta subespécie.

  • Rhynchotus rufescens maculicollis (G.R.Gray, 1867) – Ocorre desde as montanhas da região noroeste e central da Bolívia (La Paz, Cochabamba, Santa Cruz e Chuquisaca) até a região noroeste da Argentina nas províncias de Jujuy, Salta, Tucumán e Catamaca. É uma subespécie de região montanhosa e distingue-se das demais subespécies por suas conspícuas estrias na parte frontal do pescoço.

(Blake, (1977); Clements checklist, (2014); Integrated Taxonomic Information System, (2015)).

Alimentação

Alimenta-se buscando o alimento ciscando o solo com suas fortes pernas e utiliza o bico forte para cavar a terra e coletar o alimento que encontra. Sua alimentação consiste principalmente de cupins, gafanhotos e outros insetos, além de sementes, raízes e tubérculos. Ocasionalmente pequenos roedores. Seus filhotes tem alta necessidade de proteína, o que acelera seu crescimento; sendo capazes de buscar seu próprio alimento assim que nascem.

Reprodução

O ninho da perdiz é um buraquinho na terra, formado com palhas secas, capim e até penas, feito pelo macho. É o macho também que choca as ninhadas de 3 a 9 ovos de coloração cinzento-escura ao chocolate, e cuida dos filhotes que nascem após cerca de 21 dias (em média).
O período de postura dessas aves vai de setembro a março. Nesta época canta desde o amanhecer, não parando nem mesmo nas horas de sol mais quente. O ninho é feito sob o abrigo de uma touceira de capim. Após a postura a fêmea, piando sempre, sai em busca de outro companheiro para preparar nova ninhada. O macho é o responsável pela incubação dos ovos.
No sistema de acasalamento em Rhynchotus rufescens tem sido relatado um nítido aumento de reprodução pelo hábito da fêmea em acasalar-se com diferentes machos, sucessivamente, e a aceitação por parte do macho em incubar e cuidar da prole. Esta isenção da incubação e do cuidado da prole permite a fêmea reduzir o tempo necessário entre duas posturas sucessivas, devido à recuperação mais rápida de energias gastas durante um período de reprodução (MENEGHETI & MARQUES, 1981). Ao referir-se a Rhynchotus rufescens, LIEBERMAN (1936) considera a poliandria como uma adaptação eloquente à reprodução rápida num curto período, já que mais de uma fêmea faria postura num mesmo ninho. Assim, mais rapidamente é atingido um número mínimo de ovos normalmente observados nos ninhos. A incubação se iniciaria mais rapidamente e, desta forma, os ninhos ficariam menos expostos a riscos.

Hábitos

Vive nos campos sujos, cerrados, buritizais e caatingas. A Perdiz é mestre em camuflagem. Quando ameaçada pela aproximação de um inimigo, confunde-se com os capins, abaixando-se logo que pressente o perigo. Se o estranho se aproxima mais ainda de seu esconderijo, salta subitamente em voo rápido e barulhento, sumindo lá adiante na vegetação campestre. Tem capacidade ainda se se fingir de morta, como último recurso.

Curiosidade

  • Origem do nome perdiz

Dédalo tinha tanta vaidade com suas realizações, que não tolerava a idéia de um rival. Sua irmã entregou aos seus cuidados um filho, Pérdix, a fim de aprender as artes mecânicas. O jovem era um bom aluno e deu provas de notável habilidade. Caminhando, certa vez, na praia, encontrou uma espinha de peixe. Imitou-a com um pedaço de ferro, que chanfrou na borda, inventando, assim, a serra. Uniu dois pedaços de ferro, prendendo-os na extremidade com um rebite e aguçando as duas outras extremidades, e construiu um compasso. Dédalo teve tanta inveja das invenções do sobrinho que, quando os dois se encontravam juntos, certo dia, no alto de uma torre muito elevada, atirou-o para fora. Minerva, que protege a habilidade, viu-o cair e evitou sua morte, transformando-o numa ave, que recebeu seu nome, a perdiz. Essa ave não constrói seu ninho nas árvores nem voa alto, acomodando-se nas sebes e, lembrando-se da queda, evita os lugares elevados (Mitologia na História).

  • A perdiz e o jaó

Diz a lenda que, noutros tempos, quando os bichos falavam, o jaó e a perdiz eram bons amigos e viviam juntos, percorrendo campos e matas como irmãos. Certo dia, por motivos desconhecidos, desentenderam-se e não mais se falaram e, para evitar encontros, um foi viver na mata , o outro ficou habitando os campos. Até hoje, vemos ao entardecer o jaó a andar pela orla da mata, em tom conciliador, interrogando: – Vamos fazer as pazes? Ao que responde a perdiz, caminhando pelos campos, inabalável: – Eu, nunca mais!

Distribuição Geográfica

Todo o Brasil até o sul do rio Amazonas e também na Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Ocorre excepcionalmente na ilha do Marajó, onde deve ter sido introduzida.

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