Extinção de abelhas causam escassez das principais culturas de alimentos

A falta de abelhas em áreas de agricultura está limitando o suprimento de algumas plantações de alimentos, segundo um novo estudo feito nos EUA que segure que o declínio desses polinizadores pode causar sérias ramificações para a segurança alimentar global.

Espécies de abelhas, como a mangangaba, têm sofrido com a diminuição de habitats floridos, com o uso de pesticida tóxicos e levando a um aumento na crise climática.

Enquanto isso, as abelhas cuidadas por apicultores têm sido atacadas por doenças, causando a preocupação de que os três quartos de cultivos de alimentos no mundo, que dependem dos polinizadores, podem perder força devido à falta de abelhas.

A nova pesquisa parece confirmar algum desses receios.

De sete plantações estudadas que crescem em 13 estados pelos Estados Unidos, cinco mostraram evidências de que a falta de abelha está impedindo um bom crescimento dos cultivos, como por exemplo de maçãs, mirtilos e cerejas. Um grupo de cientistas dos EUA, Canadá e Suécia estudaram um total de 131 campos de plantação, analisando as atividades das abelhas e a abundância dos cultivos.

“As plantações que têm mais abelha tem uma produção significativamente maior”, diz Rachael Winfree, ecologista e especialista em polinização da Rutgerts University, que é uma das autoras do estudo publicado pela Royal Society “Eu fiquei surpresa, eu não esperava que estivessem tão limitados”.

Os pesquisadores descobriram que abelhas nativas contribuem com uma grande parte da polinização apesar de atuarem em áreas de intenso cultivo onde a vegetação que as suporta foi fortemente devastada. Abelhas selvagens são normalmente melhores polinizadoras do que as abelhas criadas para produzir mel, mas a pesquisa mostrou que várias espécies estão em forte declínio. A mangangaba enferrujada, por exemplo, foi a primeira abelha a ser colocada na lista de animais ameaçados de extinção no EUA, em 2017, após sofrerem uma queda de 87% nas duas décadas anteriores.

Grandes faixas de plantações americanas tem o apoio das abelhas de mel, que são freneticamente replicadas e transferidas ao redor das colmeias do país para que possam atender à necessidade cada vez maior de polinização nas plantações.

As amêndoas, que de acordo com o estudo é um dos dois cultivos que não tem sofrido com a falta de abelhas, crescem principalmente na Califórnia, onde a maioria das colmeias nos EUA são levadas todo ano para um grande evento de polinização de amêndoas.

Os EUA estão na vanguarda com tendências divergentes que estão sendo replicadas ao redor do globo – conforme as plantações tem se tornado cada vez mais intensas para suportar maiores volumes de comida para alimentar a crescente população global, táticas como abaixar a vegetação das planícies, pulverizar grandes quantidades de inseticida e campos de monocultura têm devastado a população de abelhas, que são cruciais para a polinização dos cultivos.

De acordo com Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, a dependência dos insetos e outros polinizadores nas quantidades de produção nos cultivos cresceu 300% nos últimos 50 anos. A diminuição dos polinizadores pode fazer com que algumas frutas e vegetais se tornem raros e mais caros, contribuindo com déficits nutricionais nas dietas. Entretanto, alimentos básicos como arroz, trigo e milho não serão afetados, já que são polinizados pelo vento.

“As colônias de abelha de mel estão mais fracas do que elas eram e as abelhas selvagens estão diminuindo, provavelmente muito”, disse Winfree. “A agricultura está se tornando mais intensa e temos menos abelhas, então em algum momento a polinização vai se tornar limitada. Mesmo que as abelhas criadas para produzir mel estejam saudáveis, é arriscado apostar tanto em apenas um tipo de abelha. É previsível que alguns parasitas passem a mirar essa única espécie que temos nos campos de monocultura”.

O estudo recomenda que fazendeiros recebam melhores informações sobre a quantidade ideal de polinização para fortalecer o rendimento das plantações, assim também como revisar se o nível de pesticidas e fertilizantes utilizado nos campos é apropriado.

“As tendências que estamos vendo estão nos levando a um problema de segurança alimentar”, disse Winfree. “Nós ainda não estamos completamente em crise agora, mas as tendências não caminham para a direção correta. Nosso estudo mostra que não é um problema dos próximos 10 ou 20 anos – está acontecendo agora”.

 

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