Erisipela suína: sintomas, causas e tratamento

A erisipela suína é uma doença bacteriana potencialmente fatal em animais jovens e fêmeas prenhes. A higiene e o manejo dos animais são a melhor prevenção.

As doenças dos suínos são muito importantes, não apenas no que se refere ao bem-estar animal, mas também no que diz respeito à produção de suínos. Na indústria da carne, o controle das doenças infecciosas é crucial para a obtenção de uma produção adequada. Uma das doenças consideradas onipresentes nessa indústria é a erisipela suína.

O fato de haver uma superpopulação de suínos facilita a disseminação de patologias e infecções se medidas preventivas não forem tomadas. A erisipela tem várias formas de se apresentar em um animal e pode causar morte súbita em qualquer indivíduo – além de aborto em fêmeas prenhes. Nas linhas a seguir, descreveremos em detalhes essa doença e seu tratamento.

O que é a erisipela suína?

Erisipela suína é causada por uma bactéria gram-positiva comum no solo, Erysipelothrix rhusiopathiae. É um patógeno zoonótico transmitido através de aves migratórias, perus e porcos, por isso encontra na indústria um lugar perfeito para se manter e prosperar de hospedeiro para hospedeiro.

Embora seja uma doença zoonótica e possa ser transmitida ao ser humano, isso é altamente improvável. Para que pudesse acontecer, um ferimento aberto na pele da pessoa teria que ser contaminado com o sangue de um porco infectado.

Em indústrias que realizam o manejo correto, não permitem superlotação e realizam rigorosos protocolos de desinfecção, essa patologia é rara.

Causas da erisipela suína

O aparecimento e a propagação da doença estão intimamente ligados ao manuseio incorreto dos dejetos suínos, bem como a um baixo nível de higiene e uma prevenção insuficiente em termos de doenças infecciosas. Assim, as principais causas que levam ao aparecimento e desenvolvimento da erisipela suína são as seguintes:

  • Um piso úmido e contaminado com fezes.
  • Sistemas de alimentação que contenham produtos lácteos.
  • Currais superlotados, sem protocolo de desinfecção entre as entradas e saídas de animais.
  • Sistema de água contaminado por bactérias.
  • Mudança de porcos entre grupos já hierarquizados. O estresse deprime o sistema imunológico e, assim, as bactérias têm mais facilidade para se estabelecer no corpo.
  • Mudanças repentinas de temperatura.
  • Falta de higiene durante os meses quentes.
  • Dietas que contêm aflatoxina.
  • Alta carga parasitária, que permite a entrada de bactérias através da parede danificada dos intestinos.
  • Introdução de animais não vacinados.
Um grupo de porcos da fazenda.

 

Formas clínicas da doença

A doença apresenta várias formas clínicas. O aparecimento de cada uma delas dependerá de quanto a bactéria é capaz de viajar dentro do corpo e do sistema imunológico do animal. A seguir, vamos falar sobre cada uma das formas clínicas da erisipela suína.

Forma artrítica

A forma artrítica da erisipela suína ocorre quando a doença se torna crônica. Se um porco for infectado com Erysipelothrix rhusiopathiae, pode ocorrer septicemia e a bactéria pode atingir as articulações.

Esse fato pode causar claudicação e inflamação nas articulações, principalmente nos jarretes e carpos. Também é comum que esses sintomas apareçam nos joelhos ou cotovelos. O líquido sinovial nessas articulações afetadas torna-se serossanguinolento. Da mesma forma, outras lesões podem aparecer, como a poliartrite fibrinosa não supurativa ou erosão da cartilagem.

Forma urticariforme

Uma das formas menos patogênicas da doença é a urticariforme ou cutânea. Nesses casos, a bactéria infectante não é tão prejudicial e ocorre em animais que já possuem alguma imunidade.

A forma urticariforme apresenta-se com manchas redondas ou poliédricas de 5 a 6 centímetros de diâmetro, salientes e de cor vermelha. Esse sinal clínico é considerado patognomônico para a doença, ou seja, nenhuma outra condição faz com que ele se desenvolva.

Em geral, essas manchas progridem para vesículas e, eventualmente, cicatrizam, a menos que a infecção se torne crônica ou a forma septicêmica se desenvolva.

Formas septicêmicas

É um tipo de infecção aguda. Em 12 a 24 horas, a invasão local pode se espalhar por todo o corpo e invadir os próprios glóbulos brancos. As bactérias permanecem na corrente sanguínea, especialmente nos capilares e nas pequenas vênulas. Esse fato pode causar trombos, edema e acúmulo de células brancas na parede dos vasos.

Após esses efeitos, pode ocorrer infiltração, e os tecidos periféricos aos vasos começam a necrosar. Isso causa um choque sistêmico em nível orgânico e a consequente morte do animal.

Forma endocárdica

Assim como na forma artrítica dessa patologia em suínos, a variante endocárdica também ocorre em uma fase crônica. Nesse caso, a bactéria atinge o tecido endocárdico e se infiltra nele. Normalmente, as formas endocárdica e artrítica costumam aparecer ao mesmo tempo, após o desenvolvimento da forma septicêmica.

Como diagnosticar a doença?

Devido a anos de experiência, um fazendeiro consegue saber ou suspeitar que uma doença ou várias podem estar afetando seus animais. No caso da erisipela suína, a forma urticariforme é exibida de forma única e inequívoca.

Diagnosticar corretamente uma doença na indústria animal é a melhor forma de controlá-la, preveni-la e erradicá-la. De qualquer forma, apesar de ter certeza do que está acontecendo com o ser vivo, é imprescindível verificar o diagnóstico por meio de exames laboratoriais. No caso da erisipela, é necessário um teste PCR.

Tratamento da erisipela suína

O tratamento da erisipela suína só é eficaz em casos agudos e sempre no início da doença. A penicilina é o antibiótico geralmente usado para combater os surtos. No caso das formas crônicas, o tratamento é diferente. Animais muito jovens e fêmeas prenhes geralmente morrem, pois não existe uma abordagem eficaz para eles.

Quando se trata da forma artrítica, às vezes é considerada a amputação do membro afetado, para evitar a proliferação e a disseminação das bactérias. Dessa forma, grande parte dos microrganismos fica isolada e a infecção não evolui.

Em qualquer caso, quando ocorrem surtos, é imprescindível o isolamento dos animais doentes, assim como um controle rigoroso dos trabalhadores que entram em contato com os grupos separados. Isso evita que as bactérias se espalhem através das pessoas.

Veterinário vacinando contra a erisipela suína

 

A melhor maneira de agir contra a erisipela suína é a prevenção. O uso de vacinas em leitões e animais recém-chegados à granja, bem como a aplicação de soros intravenosos que fortalecem o sistema imunológico dos animais contra a erisipela, são os caminhos que devem ser seguidos para que esse patógeno não se prolifere na suinocultura.

 

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