Demência senil em cães: o que diz a ciência?

A ciência descobriu as semelhanças existentes entre o Alzheimer e a demência em cães. Esse é um grande passo para entender como a doença ocorre e até mesmo para encontrar um tratamento.

 

A medicina veterinária voltada para animais de estimação em idade geriátrica está avançando rapidamente. Isso ocorre porque cada vez mais animais de companhia estão chegando a essa fase, graças aos cuidados dos seus tutores e à evolução da medicina veterinária para pequenos animais.

Infelizmente, ao mesmo tempo em que os animais de estimação estão vivendo mais, também estão aparecendo mais doenças relacionadas à velhice. Esse é o caso da demência senil em cães. Essa patologia canina é comparável à demência em humanos – um bom exemplo é o Alzheimer – embora existam outras doenças neurodegenerativas associadas a esse evento.

O cientista W.W. Ruehl, juntamente com os seus colaboradores, cunhou o termo “síndrome da disfunção cognitiva” para explicar a degeneração sofrida pelo cérebro de alguns cães idosos e que causava certas mudanças no comportamento do animal.

Quais são as mudanças que ocorrem no cérebro durante a demência senil em cães?

A síndrome da disfunção cognitiva ou demência senil em cães é uma doença neurodegenerativa típica de cães em idade avançada. Isso não significa que todos os animais de estimação idosos sofram de demência, mas sim que é nessa idade que ela aparece.

Assim como acontece com os humanos, o cérebro dos cães também muda quando eles atingem uma idade avançada. São modificações normais que, embora possam causar certas mudanças de comportamento ou personalidade, não são patológicas. Essas mudanças são as seguintes:

  • Atrofia cortical, que geralmente causa uma diminuição progressiva da visão.
  • Espessamento e calcificação das meninges. O cálcio se deposita nas meninges em vez de se depositar nos ossos ou nos dentes e isso pode interferir nas funções cerebrais.
  • Dilatação dos ventrículos, os quais fazem parte do sistema por onde circula o líquido cefalorraquidiano.
  • Alargamento dos sulcos e retração das circunvoluções. Em outras palavras, o cérebro parece encolher.
  • Reatividade da glia, que são células nervosas envolvidas na manutenção dos neurônios e no processamento da informação que viaja entre eles.

Muitas dessas mudanças também podem aparecer nos processos de demência senil em cães. Porém, um dos fatores mais importantes descobertos até o momento e que também aparece no Alzheimer em humanos é a presença de depósitos de uma proteína chamada β-amiloide.

Demência senil em cães

Acúmulo de beta-amiloide durante a síndrome da disfunção cognitiva em cães

A proteína β-amiloide se acumula nos espaços entre os neurônios em diferentes partes do cérebro, como o parênquima cerebral ou os seus vasos vasculares. Esse acúmulo é chamado de placa neurítica, senil ou placa amiloide.

Embora ainda não se saiba exatamente como essas deposições proteicas funcionam, as propriedades neurotóxicas da β-amiloide são conhecidas. Esse composto compromete a função neuronal, causa danos nas sinapses, mata os neurônios e causa o esvaziamento dos neurotransmissores dessas células mortas.

De acordo com estudos, dependendo do tamanho das placas neuríticas, o grau de gravidade da demência senil será maior ou menor. Esse fato é muito semelhante ao que acontece no cérebro humano quando se sofre de Alzheimer.

Herança genética e demência senil em cães

Algumas raças de cães parecem ter uma predisposição maior do que outras quando se trata de sofrer de síndrome da disfunção cognitiva. Esse fato está relacionado à mutação em vários cromossomos, que causam a superprodução da proteína β-amiloide.

As pesquisas sugerem que, embora os cães de raças pequenas vivam mais, eles não são tão predispostos à demência quanto os cães de raças médias ou grandes. Da mesma forma, alguns cientistas observaram que as fêmeas têm uma maior tendência para desenvolver essa disfunção do que os machos.

Além disso, os cães castrados são mais propensos a essas patologias do que os que não foram castrados.

Tratamento da disfunção cognitiva em cães

Muitos dos sintomas da demência senil fazem com que a relação entre o tutor e o cachorro fique muito deteriorada, a ponto de a pessoa decidir pela eutanásia ou abandono. O problema surge quando o cachorro é diagnosticado com demência senil, já que a patologia não tem cura ou tratamento ideal.

O tratamento geralmente busca tratar e reduzir o estado de ansiedade que os cães com essa doença geralmente apresentam. Em suma, em um período muito curto de tempo, o cachorro deixa de entender o mundo ao seu redor e sofre tanto estresse que passa a apresentar comportamentos pouco desejáveis ​​para os tutores, tais como agressividade ou vocalização excessiva.

Demência senil em cães

Atualmente, o tratamento utilizado para cães com demência geralmente consiste em um conjunto de terapias que incluem orientações de comportamento específicas para lidar com o animal, diversos medicamentos, nutracêuticos e dietas específicas.

Infelizmente, assim como o Alzheimer, a demência senil em cães não tem cura e simplesmente é preciso lidar com o processo da maneira mais gentil e empática possível. O cachorro tem total desconhecimento do que está acontecendo com ele e simplesmente responde conforme a sua natureza o orienta.

 

 

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