Coruja-das-torres: habitat e características

As corujas-das-torres são animais noturnos, misteriosos e com uma coloração branca. Contudo, elas têm uma relação de parentesco complexa e controversa. Você sabia que existem até 30 subespécies?

A coruja-das-torres (Tyto alba), também conhecida como coruja-da-igreja, coruja-católica, rasga-mortalha e suindara, ou barn owl em inglês, é uma ave da ordem Strigiformes pertencente à família Tytonidae. É uma das espécies de aves mais cosmopolitas do mundo, pois habita praticamente todo o globo, exceto algumas regiões e áreas de climas extremos.

Análises filogenéticas mostraram que existem pelo menos 3 linhagens dessa espécie, uma na Europa, na Ásia Ocidental e na África, outra no Sudeste Asiático e na Australásia, e outra nas regiões das Américas. Alguns profissionais argumentam inclusive que a classificação dessa ave poderia ser dividida em 5 espécies diferentes. Se você quiser saber mais sobre a coruja-das-torres e sua situação atual, continue lendo.

Habitat da coruja-das-torres

Como já dissemos, essa ave é uma das mais amplamente distribuídas em todo o planeta. Exceto na Antártica, é encontrada em todos os continentes, da Europa à Austrália, passando por várias ilhas do Pacífico, toda a América, África e Ásia.

Só está ausente em desertos, zonas polares, picos inóspitos de montanhas e algumas ilhas remotas. É considerada uma espécie sedentária, pois se estabelece em uma área específica e não se desloca, apesar de haver ambientes mais favoráveis nas proximidades.

Como indica a associação Brinzal, a coruja-das-torres é típica de espaços abertos, como campos cultivados, estepes ou pousios. Para descansar e escanear o horizonte, ela geralmente escolhe buracos a uma certa altura do solo, sejam naturais ou artificiais. É comum observar exemplares nas cavidades do tronco de uma árvore, mas elas também povoam cavidades de ravinas, igrejas, casas antigas e sótãos.

Uma coruja no buraco de uma árvore.

Características físicas

A coruja-das-torres é única, com seu porte médio e uma bela cor marfim que cobre suas penas. Há uma variação clara de tamanho entre as subespécies, mas o espécime “tipo” mede entre 33 e 39 centímetros na idade adulta. O peso também é muito variável, pois dependendo da localidade, são registrados exemplares que variam de 220 a 710 gramas.

A tonalidade das penas muda de acordo com a subespécie, mas a parte dorsal geralmente tem uma cor que varia do cinza ao marrom. A cabeça, em forma de coração, apresenta sempre uma coloração branca e pura. Os olhos são pretos e o bico também tem tonalidade marfim, em conformidade com o resto da região cefálica. A idade e o sexo de cada espécime são outros fatores que modificam seus padrões de cores.

Nas populações da Europa continental, um maior número de manchas e tonalidades significa um melhor estado de saúde, pelo menos nas fêmeas.

As subespécies da coruja-das-torres divididas por continentes

Como já dissemos, a situação filogenética da coruja-das-torres é muito confusa. Alguns estudos estimam que existam até 30 subespécies agrupadas em 3 unidades evolutivas diferentes, enquanto outros estipulam que, na realidade, essa ave engloba erroneamente 5 espécies diferentes. A situação ainda não está clara, mas quase todos concordam que existem diferentes linhagens dependendo da região.

De acordo com a região, podem ser distinguidas várias subespécies de coruja-das-torres. Aqui vamos apresentar as mais importantes e reconhecidas taxonomicamente:

  • Europa: engloba as subespécies Tyto alba albaTyto alba guttata e Tyto alba ernesti. A coruja tipo é a T. alba alba, aquela que costumamos imaginar quando falamos sobre esse animal.
  • África: compreende 6 subespécies: Tyto alba affinis, Tyto alba detorta, Tyto alba poensis, Tyto alba gracilirostris, Tyto alba thomensis e Tyto alba schmitzi.
  • Ásia: tem 5 subespécies: Tyto alba erlangeri, Tyto alba stertens, Tyto alba javanica, Tyto alba deroepstorffi e Tyto alba sumbaensis.
  • América do Norte: existe apenas uma subespécie, Tyto alba pratincola.
  • América do Sul e América Central: existem 10 subespécies diferentes, espalhadas por regiões de climas úmidos e tropicais.
  • Oceania: conta com 4 subespécies: Tyto alba delicatula, Tyto alba meeki, Tyto alba crassirostris e Tyto alba interposita.

Após essa apresentação, você poderá entender porque se diz que existe uma significativa bagunça filogenética no que diz respeito a esta espécie. A extensão da coruja-das-torres é tão ampla e remonta a tantos anos que é muito difícil estabelecer a proximidade e o limite entre os táxons que a compõem.

Alimentação da coruja-das-torres

As corujas-das-torres são animais predadores de insetos e mamíferos, embora também não desprezem répteis, anfíbios e outras aves menores esporadicamente. Essa ave é uma caçadora generalista, embora tenha sido detectado que ela tem uma predileção por pequenos mamíferos como ratos-do-campo, camundongos, ratazanas e musaranhos.

Conforme indicado pelo portal SEO Birdlife , essa espécie apresenta uma taxa metabólica muito elevada, o que a obriga a passar grande parte da tarde e da noite à procura de presas para colocar na boca. Como curiosidade, é importante destacar que os ouvidos dessas aves aparecem de forma assimétrica no crânio. Graças a isso, elas são capazes de detectar sons com uma excelência incomum, de modo que não precisam da visão para caçar.

Acredita-se que as subespécies residentes em ilhas sejam menores porque devem basear sua dieta em insetos. Ao mesmo tempo, os espécimes continentais têm à sua disposição pequenos mamíferos para caçar.

Reprodução

As corujas-das-torres não são particularmente territoriais, mas têm uma área que consideram sua “casa”, na qual caçam e realizam suas atividades vitais. Normalmente, o terreno de um espécime se estende por 1 km do ninho, embora a área de forrageamento das fêmeas adultas se sobreponha à de seu parceiro. Essa espécie é monogâmica e os casais reprodutivos permanecem juntos até que um dos 2 morra.

Uma vez formado o casal, o macho realiza uma série de voos exploratórios, com os quais estabelece a área de nidificação. Após esse ato, ocorre um cortejo bastante complexo, que termina com a postura da fêmea, entre 2 e 9 ovos, 5 em média. O período de incubação dura cerca de 30 dias, mas a espera vale a pena: essa espécie apresenta uma taxa de sucesso de eclosão de 75%.

Nas primeiras semanas de criação, é o macho que fica responsável por trazer toda a comida para o ninho. Passado um mês, a fêmea também começa a se aventurar no exterior, a fim de caçar mais alimentos para dar à prole. O crescimento dos filhotes culmina aproximadamente 30 semanas após a eclosão.

Embora possam se reproduzir durante todo o ano, essas aves apresentam padrões sazonais claros, que se adaptam à região em que vivem.

Estado de conservação

É difícil estabelecer um estado geral de conservação para a espécie, pois sua área de distribuição é imensa e é melhor avaliar cada subespécie separadamente. No entanto, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) afirma que a coruja-das-torres está na categoria de ‘pouco preocupante (LC)’.

Estima-se que em todo o mundo possa haver cerca de 10 milhões de indivíduos, embora 20% deles estejam nas regiões das Américas. No entanto, em algumas áreas essas aves sofreram um declínio drástico, devido ao uso de inseticidas no campo, como o DDT, e à aplicação de raticidas nas lavouras, que privou a coruja de suas presas.

Se o status dessa ave for unificado sem levar em conta sua complicada situação filogenética, pode-se afirmar que é a segunda espécie de ave de rapina mais difundida no mundo, perdendo apenas para o falcão-peregrino (Falco peregrinus). De qualquer modo, em algumas partes do globo, como no Canadá, é cada vez mais difícil ver espécimes dessa coruja.

Uma coruja-das-torres no topo de uma rocha.

 

Curiosidades e notas finais

Historicamente, várias culturas rurais atribuíram a essa ave uma “aura de mau agouro” devido à sua aparência fantasmagórica e aos seus hábitos noturnos. Os preconceitos negativos sobre essa espécie sempre estarão equivocados. Essas aves não têm interesse em atacar humanos e, além disso, nos livram de pequenos mamíferos que podem ser pragas de plantações.

Felizmente, a população em geral se conscientizou globalmente sobre a importância dessa espécie. Muitas regiões têm promovido a colocação de caixas de procriação, o que permite também a realização de estudos comportamentais relacionados a essa espécie, respeitando o seu ciclo reprodutivo natural. Para que as corujas-das-torres continuem conosco por séculos, é necessário realizar um esforço conjunto.

 

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