CASTANHA DO PARÁ

CASTANHA DO PARÁ

A castanheira (Bertholletia excelsa H.B.K.), pertencente à família Lecythidaceae, é considerada uma das plantas de maior valor da floresta amazônica. É uma árvore considerada “social”, ocorrendo desde o Maranhão até 14° de latitude sul. A espécie ocorre na Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Guianas, mas no Brasil existe em maior número e formações compactas, nos estados do Pará, Amazonas, Acre, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Amapá e Roraima.

Árvore de grande porte que pode atingir até 50 m de altura e 2 m de diâmetro na base. Apresenta fuste retilíneo, cilíndrico sem sapopemas, desprovido de galhos até a copa, com casca marrom-escura e fendida longitudinalmente.

O fruto da castanheira é chamado de ouriço e em seu interior abriga entre 10 a 25 sementes (amêndoas) . que são utilizadas para o consumo humano principalmente na região norte, além de ser exportado para os Estados Unidos e Europa. Tem alto valor nutritivo, sendo muito utilizada como ingrediente da culinária. Seu valor protéico é tão significativo que é também chamada como “carne vegetal”.
Implantação
Sementes


A aquisição de sementes poderá ser feita junto aos coletores de castanha, tomando-se o cuidado de adquirir sementes de árvores sadias e de alta produtividade. O período de coletar as sementes é entre os meses de outubro a março. É importante procurar coletar de árvores que produzam sementes grandes, cuidando para usar sementes novas que não tenham perdido a umidade. Ao selecionar as mesmas, dar preferência a sementes cheias, grandes e largas.

Um dos maiores problemas para a formação de mudas referia-se à germinação da semente da castanheira, ocorrendo normalmente de 12 a 18 meses após a semeadura. Com o avanço das pesquisas é possível indicar, hoje, três processos diferentes de formação de mudas de castanheira:

Semeadura com sementes com tegumento;
Semeadura com sementes com tegumento escarificado (esmerilhado) e;
Semeadura de sementes- sem tegumento.
. Apresenta-se aqui o processo mais eficiente, que é o da semeadura de sementes sem tegumento, o qual requer um trabalho mais cuidadoso na retirada de tegumento, mas que possibilita uma germinação de 70% com apenas 3 meses de semeadura.

A fim de que o processo de retirada do tegumento seja facilitado, deve-se colocar as sementes em água por um período de 48 horas. Em seguida deve-se utilizar uma prensa apenas para trincar o tegumento, sendo que o descasque total pode ser feito com um alicate especial, com a ponta semelhante ao bico do papagaio ou empregando um canivete comum. No momento de descascar, utilizar a faca ou canivete, com muito cuidado, para que apenas seja rachada a casca ou tegumento da semente. Após, proceder a retirada total da casca utilizando um alicate ou estilete. Prestar atenção para não danificar a amêndoa, evitando assim o comprometimento do crescimento da muda.

As sementes oleaginosas têm grande susceptibilidade a fungos, exigindo controle da umidade da sementeira e tratamento com fungicida. Recomenda-se, portanto, tratar as sementes com uma solução de fungicida a base de propiconazole na concentração de 0,2% (2 g do produto em 1 litro de água), durante 90 minutos, com agitação a cada 10 minutos. As sementes após o uso do fungicida devem ser secadas à sombra, de preferência em papel jornal, durante duas horas. Selecionam-se então as mesmas, eliminando aquelas que apresentaram rachaduras durante o descascamento.

Sementeira

A sementeira que deve ser usado é a suspensa, feita de madeira, com caixa na altura de 1 m acima do solo, sendo que a mesma pode ser construída embaixo de um ripado com 50% de sombra, ou ter cobertura própria (Fig. 1).

Com o objetivo de prevenir o ataque de roedores utiliza-se uma saia de lata nas perna-mancas verticais da sementeira, na altura de 50 cm a partir do solo, e cobre-se com uma tela de arame toda a extensão da caixa da sementeira. Como substrato utilizar areia lavada, colocando a mesma e espalhando com as mãos ou uma ripa, sem prensar, nivelando e regando após a colocação.
Semeadura

O semeio deve ser considerado uma das etapas mais importantes, deitando-se as sementes sob a areia colocando o polo radicular de onde se originará a raiz (parte mais grossa) voltada para baixo, e o caulicar a uma profundidade de 1 cm da superfície do substrato, e quando existir dúvida sobre o lado do polo radicular colocar a semente na posição horizontal. A rega deve ser feita logo em seguida, repetindo a cada dois dias ou segundo seja necessário.
Germinação

As sementes iniciam a germinação 10 dias após a semeadura, podendo se estender até cinco meses, sendo que aos 80 dias já ocorreu 70% da germinação.

Tratos culturais

O controle de ervas daninhas deve ser feito manualmente a cada mês. No momento de arrancar as plântulas, deve-se tapar os buracos que ficam na sementeira. Caso apareçam formigas, controlá-las com produtos adequados.

O processo de repicagem deve ser efetuado antes da abertura das primeiras folhas das plântulas, no chamado “ponto de palito”, para evitar a perda de água e queima das folhas. Só devem ser repicadas as mudas com caulículo e radícula (fig. 3 b,d). As mudas sem radícula (fig. 3 a,c) devem ser transferidas para outra sementeira com a mesma composição de substrato, onde continuarão até o segundo lançamento de folhas, que, muitas vezes, é sinal do aparecimento de sistema radicular (fig. 3 d). As mudinhas que até esse período não tenham desenvolvido radícula não podem ser utilizadas e devem ser descartadas (fig. 3 c) .

As mudas estarão aptas para o plantio quando atingirem por volta de 25 cm de altura e tiverem 16 folhas abertas, sendo que o tempo necessário para isso pode ser de quatro até oito meses após a repicagem. As embalagens plásticas utilizadas são de polietileno preto (19 cm x 28 cm e 2 mm de espessura), contendo o seguinte substrato: duas partes de terra, uma parte de areia, uma parte de esterco de gado ou serragem curtida. Adicionam-se 1000 g de calcário e 200 g de Superfosfato triplo por metro cúbico de substrato .

A repicagem também pode ser efetuada em copos de plástico de 300 ml, antecipadamente perfurados. Neste caso, as mudas podem ser plantadas no local definitivo, em estágio menos desenvolvido que as dos sacos de plástico. Caso seja necessário esperar o desenvolvimento adequado das mudas ou a época ideal de plantio, poderá haver necessidade de repica-las novamente para sacos plásticos, com o objetivo de evitar o enovelamento das raízes.

É necessário que as mudas permaneçam no viveiro em um ambiente com 50% de sombra, adaptando-as ao sol gradualmente, pois no fim do período antes do plantio as mesmas devem permanecer 15 a 30 dias a “céu aberto”.

Marcações:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *