Açaí ou juçara

Açaí ou juçara

Açaí ou juçara é o fruto da palmeira conhecida como açaizeiro, cujo nome científico é Euterpe oleracea. É uma espécie nativa das várzeas da região amazônica, especificamente dos seguintes países: Venezuela, Colômbia, Equador, Guianas e Brasil (estados do Amazonas, Amapá, Pará, Maranhão e Acre).

O açaí é um alimento muito importante na dieta dos habitantes da Amazônia, onde seu consumo remonta aos tempos pré-colombianos. Hoje em dia é cultivado não só na Região Amazônica, mas em diversos outros estados brasileiros, sendo introduzido no resto do mercado nacional durante os anos oitenta e noventa, com modificações no modo de consumo.

CULTIVO DO AÇAIZEIRO

A própria espécie botânica (com variações morfológicas e de desenvolvimento marcantes dependendo do local de coleta) ou híbridos entre essa espécie e o palmiteiro (Euterpe edulis). Esses híbridos são plantas rústicas, que perfilham, precoces e com boa qualidade de palmito.

CLIMA E SOLO:

Clima tropical úmido (temperatura média anual acima de 22ºC e precipitação acima de 1.600mm por ano). Não tolera geadas, especialmente quando jovem (até 60cm de altura). Não é exigente em solos, crescendo mesmo em solos pobres e ácidos. No entanto, desenvolve-se mais rapidamente em solos com maior fertilidade. A produção de palmito em áreas de baixa fertilidade deve-se basear na reposição de nutrientes através de adubações anuais parceladas.

PROPAGAÇÃO:

Por sementes colhidas de palmeiras selecionadas (diâmetro, número de folhas e sanidade), que devem estar em conjunto com outras da mesma espécie e no mesmo estádio de desenvolvimento, para evitar a autofecundação forçada. Marcá-las de modo permanente, porém sem afetá-las, para fácil reconhecimento.

COLHEITA DE SEMENTES:

Colher frutos pretos e opacos, quase cerosos, na estação seca (agosto a dezembro), em sua região de origem. Colher somente os frutos que estão no cacho, que possui de duas a cinco mil sementes. Colocar um plástico ou encerado embaixo da palmeira e derrubar os cachos maduros sobre ele, recolhendo apenas os frutos que caírem sobre o encerado.

ARMAZENAMENTO DAS SEMENTES:

As sementes do açaizeiro perdem rapidamente o poder germinativo, porém, é possível armazená-las por até cinco meses, desde que acondicionadas em sacos plásticos bem fechados e mantidos sob refrigeração (temperatura entre 5 a 10ºC).

GERMINAÇÃO:

Leva de 3 a 11 meses para se completar. Despolpar os frutos para acelerar o processo germinativo e permitir a obtenção de lotes homogêneos de mudas (germinação em 2 a 5 meses). Para isso, acondicionar os frutos recém-colhidos em sacos plásticos e umedecer. Fechar o saco, mantendo-o à sombra e à temperatura ambiente. Depois de 3 ou 4 dias, atritar os frutos sobre as malhas de peneiras grossas (de café ou de feijão), em água corrente, para separação da polpa, ou imergir totalmente os frutos em água, trocando-a diariamente, para não fermentar. Após três a quatro dias, despolpar.

SEMEADURA DIRETA:

É mais econômico do que o de plantio de mudas. Para evitar ataque de insetos, roedores e outros animais, enterrar as sementes entre 3 a 4cm. Semear de 2 a 3 sementes por cova, com o auxílio de um chuço, e cobrir com terra. Não desbastar as mudas. Efetuar semeaduras na mesma área a cada dois anos para manter um povoamento de plantas em diferentes idades ou estádios. Semear de agosto até dezembro.

TRANSPLANTE DE MUDAS:

A utilização de plântulas com raiz nua de 15 a 20cm, retiradas de açaizeiros nativos, deve ser recomendada apenas para plantio em área adjacente.

FORMAÇÃO DE MUDAS DE VIVEIRO:

Ganham-se 2 a 3 anos em desenvolvimento, no campo, comparado com a semeadura direta. Colocar uma semente despolpada por saco plástico de polietileno preto (20 a 25cm de altura x 20cm de boca x 8 a 12mm de espessura e com 6 a 8 frutos) cheio com 2 a 3,5kg de terra de boa qualidade, rica em matéria orgânica, retirada da superfície da própria mata. Na falta, utilizar mistura de 3 partes de solo e 1 de matéria orgânica bem curtida (vide adubação do substrato). Irrigar diariamente. O sombreamento do viveiro deve ser semelhante àquele que a muda receberá quando estiver no local definitivo. Plantar as mudas no campo, com 20 a 30cm de altura e com 3 a 4 folhas vivas (entre o décimo e o décimo quarto mês após a semeadura).

PREPARO DA ÁREA PARA SEMEADURA OU PLANTIO:

Sob mata nativa, fazer antes uma roçada da vegetação mais baixa, poupando-se as essências nativas de valor econômico; em áreas sem cobertura vegetal fazer antes um sombreamento temporário com guandu, tefrósia ou leucena. Em consórcio com seringueiras ou outras plantas perenes, seguir o mesmo preparo de solo da cultura principal.

PLANTIO DE MUDAS:

Deve ser feito no período das águas, com cuidado para não danificar a palmeira. Cortar o saco plástico na altura de 2cm da base, podando as raízes e, em seguida, cortar e retirar o saco e colocar a muda na cova com o torrão inteiro, preenchendo os espaços vazios com terra de superfície, comprimento para manter a muda firme.

DENSIDADE DE PLANTIO OU SEMEADURA:

Para o cultivo solteiro: 2,5 x1,5m. Em áreas de mata nativa, efetuar a semeadura direta (três sementes novas por cova) a cada um ou dois passos, cada linha separada das outras por dois ou três passos. Repetir a operação a cada dois anos, sempre com o cuidado de não pisar as plântulas de açaizeiros, nativas ou não, já existentes. No cultivo consorciado, plantar duas a três linhas de açaizeiros na faixa central da entrelinha do cultivo principal, com o espaçamento entre as plantas de 2,5 ou 1,5m. É comum o consórcio com seringueiras (Hevea brasiliensis).

TRATOS CULTURAIS:

Roçadas periódicas para apressar o desenvolvimento, poupando as essências nativas de valor. Não capinar, devido ao sistema radicular superficial.

MANEJO DE PERFILHOS:

Para aumentar o desenvolvimento da touceira e permitir corte de palmito a curto prazo, manejar os perfilhos deixando 3 a 4 bem distribuídos por touceira, e um perfilho novo por ano, a partir do terceiro ano de plantio. Assim, é possível iniciar o corte para palmito entre o quarto e o quinto ano.

COLHEITA DO PALMITO:

Colher somente em palmeiras que apresentem DAP (diâmetro à altura do peito) acima de 10cm, poupando um estipe por planta para a produção de sementes, quando a densidade for baixa. Evitar queda brusca do palmito, pois isso causa escurecimento interno e rápida decomposição. Fazer o corte alto (50 a 80cm) para reciclar os nutrientes para os perfilhos na touceira.

INTERVALO OU CICLO DE CORTE: Em torno de 2 a 4 anos, na mesma touceira, para palmito de primeira qualidade.

DOENÇAS E PRAGAS:

A principal doença do açaizeiro é a antracnose. Ela só é limitante em condições de viveiro e em regiões frias e úmidas. Em condições de campo, não há nenhuma doença séria que mereça controle. Já com relação a insetos, temos os de viveiro (gafanhotos, cigarrinhas, cochonilhas, pulgões e ácaros) e os de campo (especialmente o coleóptero Rhyncophorus), que em culturas e explorações bem manejadas, não chegam a ser problema.

DURAÇÃO E PÓS-COLHEITA DO PALMITO:

Após colhido, dura no máximo 5 a 7 dias, quando mantido com 4 capas (bainhas externas). Escurece e apodroce devido à ação de fungos, comuns em matéria em decomposição. O tombo e o corte acidental de partes do palmito aceleram a decomposição.

Marcações:

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