Para incentivar os filhos a estudar e ir bem na escola, muitos pais recompensam as boas notas com presentes ou viagens. Mesmo sem saber, eles estão usando uma técnica chamada de reforço positivo.
No mundo animal, o reforço positivo é o método mais recomendado por adestradores, quando o assunto é o comportamento canino. Vamos saber mais sobre isso?
Como surgiu o método do reforço positivo?
A origem do reforço positivo está associada a uma escola de pensamento chamada behaviorismo, que surgiu em 1900. Esse estudo, conduzido por um fisiologista russo, Ivan Pavlov, teve como base experimentos realizados com cães.
Com o objetivo de verificar se o comportamento canino podia ser condicionado, Pavlov deu início ao conceito de reforço positivo para cachorros usado atualmente. Tendo como destaque do seu estudo a etapa em que ele tocava um sino antes de servir comida para os cachorros.
Depois que esse passo se tornou recorrente, os cães passaram a fazer uma associação direta, salivando ao ouvir o sino. Desta forma, apresentando um comportamento condicionado pelo homem.
Edward L. Thorndike e a Lei do Efeito
Mais tarde, o psicólogo estadunidense Edward L. Thorndike propôs o conceito de condicionamento operante. Para ele, as atitudes seriam condicionadas pelos efeitos que tiveram em experiências anteriores.
Um exemplo que comprova seus estudos é o experimento com os gatos. Ele consistia em colocá-los em caixas trancadas e com grades, nas quais a única maneira de sair era resolver problemas — como quebra-cabeça.
Esse experimento revelou que, a princípio, os gatos levavam muito tempo para sair da caixa. Porém, quanto mais eles conseguiam escapar, mais rápido era o processo nas vezes seguintes. Conclusão: os gatos aprendiam o modo mais rápido para alcançar o resultado mais satisfatório.
O condicionamento operante de Skinner
Finalmente, por volta de 1950, o psicólogo estadunidense Burrhus Frederic Skinner aprofundou o conceito de condicionamento operante com a chamada “caixa de Skinner”.
O experimento consistia em uma caixa com estruturas que liberavam diferentes opções de recompensas dependendo da escolha pelos caminhos possíveis. Algumas ofereciam ração e água, outras davam choque e algumas não faziam absolutamente nada.
Quando um rato faminto era colocado ali, ele repetia as ações com resultados positivos — comida e água — e evitava aquelas com consequências negativas — choque ou nenhum resultado. Com isso, o psicólogo observou que diferentes tipos de recompensas e punições poderiam condicioná-los. Bem interessante, não é mesmo?
O que é o reforço positivo?
O reforço positivo no adestramento canino consiste em recompensar o pet por comportamentos desejados. Quando pedimos que ele nos dê a pata e o agradamos com um petisco, este é um exemplo de reforço positivo.
Na prática, parece bastante simples. Porém, o conceito é um pouquinho mais complicado, mas é interessante para quem quer melhorar o adestramento do seu pet. Pensando nisso, você sabia que também existe um reforço negativo e que ele não é algo ruim?
Ao contrário do que muitos pensam, a ideia de reforço positivo e reforço negativo não está associada a algo “bom” ou “ruim”, respectivamente.
O primeiro refere-se a ACRESCENTAR algo para enfatizar um comportamento, como o petisco. O reforço negativo é associado à REMOÇÃO de um estímulo — geralmente, ruim —, o que reforça determinado comportamento.
Sendo assim, os dois são ferramentas utilizadas por adestradores profissionais para ensinar seu pet a se comportar — tanto dentro como fora de casa. Continue lendo e veja como você pode aplicar no seu animal.
O que é punição positiva e punição negativa?
Assim como o reforço, a punição também pode ser positiva ou negativa no sentido de acrescentar ou retirar um estímulo. Tratando-se do adestramento canino, a punição positiva nunca é recomendada, já a negativa pode ser útil em alguns casos.
Como exemplo de punição positiva, podemos pensar nas coleiras que dão choque no cachorro quando ele late. Nesse caso, o acréscimo de um estímulo aversivo — ou seja, o choque — visa inibir determinado comportamento canino. O mesmo vale para outros tipos de agressão.
Agora digamos que, quando você leva o seu amigo de quatro patas para passear, ele puxe muito a coleira. Para resolver o problema, alguns especialistas recomendam que você fique parado até o cachorro se acalmar. Ao fazer isso, você retira momentaneamente um estímulo prazeroso para o pet, isto é, a caminhada. Logo, a tendência é que ele diminua frequência desse comportamento — puxar a coleira.
Perceba que, no exemplo que foi citado, a punição negativa não machuca e não é prejudicial para o pet, na verdade, ela é bem útil em situações muito comuns e diárias. Lembrando que você nunca deve privar o pet de suas necessidades básicas!
Como usar o reforço positivo no adestramento canino?
Usar o reforço positivo no dia a dia com o cachorro é simples e serve para condicionar diversos comportamentos, desde fazer o xixi no lugar certo até a realização de truques. Seja como for, é preciso dedicação e paciência para recompensar na hora certa, além de fazer repetições.
Para ensinar um cachorro, antes de mais nada, é preciso perceber os momentos certos em que ele precisa “se aliviar”, por exemplo. Em geral, eles vão ao banheiro após brincadeiras intensas, refeições ou depois de beber muita água. Eles também costumam ficar inquietos e começam a procurar locais para fazer xixi.
Fique atento! Ao desconfiar que seu amigo está prestes a sujar o seu tapete, leve-o imediatamente ao tapete higiênico. Uma vez que ele tiver feito xixi ali, já esteja com um petisco nas mãos e recompense seu amigo com uma guloseima e carinho.
Procure se manter sempre em vigilância e repetindo esse “ritual” até que seu amigo comece a usar sozinho o tapete. Além de ter paciência, é fundamental ser ágil na recompensa. Isso porque, se você demorar para oferecer o petisco, o pet pode associá-lo a outro comportamento.
Reforço positivo e a psicologia
Apesar de não contar com a mesma credibilidade que já teve no passado, o behaviorismo deixou inúmeras contribuições para o estudo do comportamento de seres humanos e outros animais, associando o reforço positivo e psicologia.
Para seus adeptos, ele explica por que agimos como agimos em determinadas situações, e também pode ser a chave para entender a maneira como outras pessoas reagem a certas atitudes, sendo muito aplicado na terapia cognitivo-comportamental.
Um exemplo clássico de aplicação possível do behaviorismo nos remete à infância. Se você já recebeu algum apelido maldoso na escola, é provável que tenha ouvido de seus pais para não dar bola. Ao ignorar as provocações, elas passariam com o tempo. Se você demonstrasse estar bravo ou chateado, aí é que o apelido seria usado com frequência.
Em outras palavras o que seus pais estavam sugerindo é que ignorar o outro lado funcionaria como uma punição negativa, enquanto a sua chateação seria um estímulo a mais para as provocações, ou seja, um reforço positivo por exemplo.